Nossas estradas não vão nos ligar, baby. Nossos pés, que, sei, já pisaram sobre os mesmos cacos, não trilham os mesmos caminhos. Habitamos terras diferentes demais para traçar reencontros. Tô abrindo mão dos sobressaltos nas madrugadas e do celular o tempo todo ao meu lado. Não há mais como insistir sem precisar, antes, destruir do outro lado a admiração que nos atraiu um dia. É melhor parar por aqui, onde tudo parece inacabado, mas ainda há o que pode ser mantido de pé: um sorriso lembrando do outro.
Quando damos a alguém um lugar em nós, vamos traçando um tanto de detalhes em nossas rotinas que nos tragam um pouco dessa pessoa para perto todo o tempo, e é difícil mesmo ir limpando esses vestígios de vez. Eu, de qualquer forma, não vou esperar que as coisas mudem muito a partir de agora para mim ou para você. A não ser entre o tal "nós" que poderia ter existido e vamos deixar de lado. O "nós" que não vai mais combinar um final de semana que não dará certo. O "nós" que não vai esperar a noite chegar para trocar palavras antes de dormir. O "nós" que não vai precisar pedir desculpas pela falta de sinal nos celulares e pelas viagens de última hora a trabalho. Vou continuar com as coisas que me enchem cabeça por aqui, e você, com as coisas que te enchem a cabeça por aí.
Não vou mais te imaginar se distraindo no meio do expediente ao receber uma foto inusitada, ou esboçando um sorriso para a nova promessa de vida fitness, ou ouvindo mil vezes aquela música que recortei para te encaixar. Não posso te pedir para ficar em um lugar que nunca esteve. Não posso te aceitar em um lugar que eu mesma não posso chegar. Continua a correr em seu mundo, um dia seus passos te levarão aonde planeja alcançar. Se precisar, dê a mão a quem estiver por mais perto. Eu consigo entender que não há culpa em nossa ausência. Não foi por faltar em nós que abandonamos nossas possibilidades, foi por desencaixe. Não vou te tornar maior nem menor do que realmente foi aqui, em mim.
Mantenha nossas trocas em algum lugar que não te cause incômodo - deixei as minhas só em memórias, excluí em todo o restante. Lembranças, às vezes, são mais bonitas que a realidade. Por sorte, não conseguimos carregar o que não nos esforçamos, ao menos um pouco, para manter por perto. Então, escuta o meu conselho: puxe um pedaço do que te fez sentir muito bem desde que me conheceu e guarde para quando precisar se lembrar de que é capaz de conquistar coisas que valem a pena. Pode rir. Gosto do jeito como você faz isso - e essa vai continuar sendo a minha intenção (estou fazendo meu olhar intimidador agora mesmo enquanto te escrevo). Nós nos encantamos porque fomos imperfeitos na medida um para o outro, com todo esse lance de sedução e interesse. Mas, não se preocupe, virão novos encontros capazes de nos tirar o sono e o fôlego num gesto só. Temos potencial.
Tá, a verdade é que, por dentro, ainda vou levar um tempo torcendo para que não seja bem assim como tem que ser. Afinal, ficaram coisas... o sofá à espera de ajuda, a viagem que merece ser feita a dois, o café da padaria, a agenda a ser organizada... Tenho mania de me habituar rápido aos planos. Entretanto, me tornei grande demais para não por a mão na massa e construir o que espero. Você me entende, né? Para continuar insistindo, teria que me encolher a tal ponto que me tornaria irreconhecível até para mim mesma, seguindo o que nos restasse. Desistir também é tentativa, sabia? Tentativa de, em lucidez, reconhecer que seguir o coração pode não ser a melhor escolha. Não é por falta de querer, é por necessidade de sentir o maior do mundo com os próprios sonhos.
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