sexta-feira, 10 de maio de 2013

Para dividir


Nunca me esqueci de uma coisa que ouvi do meu primeiro namoradinho, lá na minha adolescência. Eu tinha 16 e acho que ele um ano a mais quando me disse que precisávamos de cumplicidade para “dar certo”. Bem, nosso namoro durou apenas mais algumas semanas posteriores ao apelo, mas a questão não é essa.

O fato é como um garoto (no quesito relacionamento o homem demora mais de perder esse título) de 17 anos (e estou quase certa sobre essa idade) sacou que a durabilidade de uma relação se estende sobre tal comportamento, se isso é tão difícil até para os mais maduros?

Você tem noção da situação? Ele estava no início da carreira, movido (SOMENTE) por hormônios, talvez nem soubesse qual o sentido (prático) do que estava dizendo, mas foi de uma sabedoria e coerência infinitas em sua análise. O engraçado é que na época não tinha maturidade entendi a importância de, além de beijos, dividir essência com alguém e, hoje, a falta disso incomoda.

Cumplicidade não é contar diariamente até a cor da sua calcinha para o seu respectivo par (e nem matar alguém e pedir para ele ocultar o corpo). É bem mais que isso. Se tornar cúmplice de alguém é ter liberdade e segurança para compartilhar o que você é. Entende? Dividir o que você gosta, o que você sonha, o que te dá medo, os planos para as próximas férias (quiçá até para o final de semana...), a tentativa frustrada de fazer cuscuz... E todas aquelas outras coisas que nem todo mundo precisa saber sobre você.

Esse tipo de postura dentro de qualquer relação aumenta a intimidade. O olhar se torna linguagem particularmente clara, um sabe o que o outro espera e sabe como agir (claro que com o gênero feminino é mais difícil alcançar essa certeza, mas, com o tempo e com interesse as coisas ficam mais fáceis).

O fundamental é saber que não existe cumplicidade unilateral. Nesse caso, se torna confissão e isso você pode fazer com um padre. E, para deixar bem explicado, cumplicidade não implica na perda de individualidade nem na necessidade de ter um relator particular das suas aventuras diárias, para isso as redes sociais estão aí, a seu dispor. #ficaadica

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