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domingo, 10 de maio de 2020

Mãe, sinto muito pelo que esperam de você

Mãe (a minhas e a dos outros), eu sinto muito pelo tanto que exigem de você. 

Sinto pela recusa à humanidade quando te falam que ser mãe é "padecer no paraíso", sem que se proponha à sociedade discussões sobre como ajudá-la a passar pela maternidade com menos peso. 

Sinto quando ignoram todo desgaste e preocupação em gerar e criar uma vida como se você tivesse obrigação de dar conta sempre, de tudo, e sempre de tudo, porque, afinal, você é mãe e isso é um "dom". 

Sinto quando apontam e julgam suas escolhas como mãe, recusando a percepção de que você é, antes de tudo, um ser humano ao invés de super-herói. 

Sinto quando te impõem a maternidade como sentido da vida, ao mesmo tempo em que, por exemplo, a penalizam ou descartam no mercado de trabalho, não criam vagas suficientes e satisfatórias em creches públicas ou não asseguram autonomia sobre seu próprio corpo em nenhum momento - desde a ausência de políticas para aborto legal e seguro, fim da violência obstétrica ou até mesmo aceitação social quanto à amamentação.

Sinto quando silenciam as dores e exaustão - de noites insones, dúvidas, incertezas, trabalhosos cuidados emocionais e físicos diários - como obrigações exclusivas e solitárias sua. 

Sinto quando "o pai ajuda"*, sinto quando é "mãe solteira"**, sinto quando "engravidou porque quis"***. 

Sinto até quando exaltam sua força e garra antes até mesmo do seu amor, ou quando confundem isso tudo como uma coisa só - você é mais do que o que se esperam.

*Pai não ajuda, pai tem obrigações, que, lógico, pela nossa visão machista, são relativizadas e minimizadas sem quaisquer rechaços sociais. Não há nada heróico em assumir seus deveres como responsável pela vida que é responsável.

**Ser mãe não é estado civil, não há sentido nessa associação, o termo correto para a mãe que assume a maternidade sozinha é mãe solo, se ela está solteira, namorando, noiva diz respeito a outra área da sua vida.

***Nenhum método contraceptivo é 100% eficaz, logo relações sexuais entre homens e mulheres sempre representarão alguma chance para gravidez.

domingo, 14 de maio de 2017

O que encontro em você


Um traço franco do que cabe no infinito. Um cheiro doce, marcante, que se mistura ao próprio ser. Uma atenção que nunca desvia o olhar. Uma firmeza inabalavelmente admirável. Um colo que não se consegue abandonar. Uma audácia quanto ao acreditar antes de todo o restante do mundo. Uma ternura ao sonhar com qualquer história maior. Uma insegurança por nunca aceitar que vive dando o seu melhor. Uma vontade de nunca falhar e, quando isso inevitavelmente acontecer, sempre conseguir contornar. Uma certeza de que nunca experimentará algo parecido, com todos os seus paraísos e padecimentos. Uma sintonia que só muitas noites insones poderiam construir. Uma confiança de que sempre haverá o sempre. Um prato que nunca está suficientemente cheio. Uma expectativa de que essa será sua melhor versão. Um pavor de que haja noites escuras demais pelo caminho longe dos seus passos. Um caso sempre a se pensar. Uma intimidade que desnuda qualquer investida de se esconder. Um ombro que nunca se importa em ficar molhado. Uma luta que nunca se perde ou ganha inteira a sós. Um som que nunca poderá ser tocado em outro ritmo. Um olhar que dispensa até palavras, mas poucas vezes o faz. Uma grandeza tão nobre que não teme se fazer menor. Uma experiência que segue rumos diferentes a cada dia. Um sofrer calado, disfarçado em qualquer sorriso torto. Um gosto de almoço de domingo com mesa cheia, mas, também, daquele pedaço escondido na vasilha no fundo da geladeira até a chegada atrasada. Um silêncio de quem compartilha um mundo. Um toque que cura até o que não se pode ver. Uma prece que floresce por mais pedras que existam no caminho. Uma luz que não consegue nunca ser menor que o próprio existir. Uma perda que, como aprendido há pouco, já sei, nunca poderei superar.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Antes do seu dia

Dia das mães. Sim, elas merecem mesmo toda essa homenagem e eu juro que estou me empenhando na busca pelo presente perfeito para as minhas duas mães (avó também conta). But, como ainda faltam alguns dias e o assunto tá em pauta... 

Quem é mestre em te constranger? Quem? Quem? Quem? É quase unânime, mãe... Não é implicância minha. Acho que é a quantidade de informações num banco de dados materno que se torna o “X” da questão. 

Em casa, entre família, é engraçado lembrar os seus namoricos da infância. Mas, o que dizer de uma dessas estórias sendo contada na presença dos pais do seu pseudo affair, agora já um homem? E você no meio, fazendo cara de paisagem, enquanto a sua mãe e sua pseudo sogra se divertem às suas custas... Por que, mãe? Eu nem sei mais quem é o indivíduo! Ele já pode ter passado por mim na rua, a gente já pode até já ter se esbarrado numa festa... Por que querer justificar nossas (im)possibilidades? 

Enfim, relembrar é viver, né? Porém, o que dizer do poder incrível de resolver sua vida sentimental? Antes de discorrer essa capacidade materna, vamos fazer uma pequena reflexão: aquilo que você busca alcançar êxito por toda sua vida, sua mãe promete solucionar em menos de dois minutos. Sim, sua mãe é melhor que o Mastercard! Para todas as coisas que o dinheiro não compra (tipo, um relacionamento saudável, com equilíbrio em ambas as partes), sua mãe está pronta para resolver. 

Sua mãe enxerga (se não enxerga, representa muito bem) excelentes motivações naquela tragédia grega em que você, ocasionalmente, está ocupando o papel principal? Não a interprete erroneamente, não é sarcasmo! Ela, de verdade, acredita que você é essa heroína toda. 

A sorte é que, no mundo inteiro, não há um colo mais seguro que o seu, mãe! Aí, compensa tudo, né? #ficaadica