segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Por dentro

Ansiava pela resposta que, lucidamente, sabia que não teria. Passara a desejar o fim do dia com maior intensidade, não mais como antes, quando aguardava pelo som daquela voz, mas, agora, almejava por uma brecha para se deleitar em sonhos. Seu coração andava cheio, e sabia que era de lágrimas.

Por mais que o tempo passasse rápido, não se importava. Pouca coisa mudava. Parecia brincar com um raio de sol que, ao final, lhe escaparia entre os dedos. E cada segundo doía. Doía pela espera. Entretanto, ainda assim, essa dor seria menor que a de ter que voltar atrás, confirmando que já não fazia mais sentido. Sabia que sofreria, mas, protelaria, mesmo sabendo que, em algum momento, o incomodo se desfaria.

Tinha medo de arriscar e perder. Era covarde o suficiente para conviver com dúvidas, cultivando incertezas, e ficando cada vez mais óbvio o lampejo de dor que lhe marcara.

2 comentários:

  1. Triste e belo.

    "Não pense que o poder criativo vem da alegria. Alegria é sensação de plenitude. Você não poderá criar nada com isso. Agora, a tristeza, o desespero e a miséria, isso sim é a verdadeira fonte de inspiração."

    (Nick Farewell)

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  2. E as noites de domingo que os digam, Helder...

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