E
em algum dia, quando tudo parecer extremamente frio, alguns desejos aumentarão.
Outros simplesmente sussurrarão. Não que a dor seja necessária quando se volta às
lembranças, só que o que te mostra o caminho poderá te fazer se perder também.
Pode-se
até abrir mão de qualquer vestígio físico, caso saiba sonhar, e será “tua
memória, pasto da poesia”, segundo palavras que Drummond desvencilhou, e vamos
imaginar que de um emaranhado de sensações num dia igualmente frio.
A
vida, a mesma vida que circunstancialmente definha sorrisos, trata de abrir,
timidamente, em alguma manhã, espaço para um raio de sol. Nada será “tão
quanto...”, poucas belezas são igualmente reproduzíveis ou facilmente reduzidas
em definições. Principalmente aquelas lindamente indizíveis, aquelas caladas
pelo ruído do silêncio, aquelas indecifravelmente enterradas.
Cuidado
apenas com o que se cristalizará. Não haverá mais a presença como num colo seguro. Não haverá mais a ausência antecedendo a discussão pelo atraso gerado. E
vazios não devem ser permanentes. E falta não pode ser companhia. Pedem, mas não podem.
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