Teu silêncio me acalma. A cantiga que traz o teu olhar não ofusca minhas palavras, tua canção é meu afago. Sem horas, sem dores, sem remorsos ou rancores. Não há pressa nem medida nessa entrega. O sentido encontrado em comum, nas mãos que se captam numa falta qualquer, despreza o que resvale ao incomum.
Teu silêncio me completa. Um refúgio concreto, selado em teu peito, ditado num desígnio desse ciclo compassado. A certeza de que, porque o pranto sempre vem, haverá consolo.
Teu silêncio me desafia. Não me cala, me encalça numa direção. Na sua direção. No hábito de um sorriso que sucede e ampara passos trôpegos de uma frase mal pensada, de um ato imediato.
Teu silêncio me acerta. Em cheio, no ponto. Não é remediável nem indesejado, ele não se faz insípido, não parece entorpecido. E as palavras, quando presentes, em seu tom, tornam-se tangíveis, crescentes.
Teu silêncio me dedilha, me faz letra exata nesse ritmo.
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