segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O que se sabe (sobre a saudade)


Premeditada, como um crime perfeito e obsoleto, arquitetado antecipadamente sobre tudo que abarca o óbvio. Faltará aquele perfume que impregna mais suas roupas que o seu próprio, as mensagens, mesmo que escassas, no meio da noite, a frieza das mãos que você busca roubar com seu calor e a intenção que não passará do que é: um desígnio. Faltará. Isso é saudade.

Acentuamos o sofrer por aquilo que será, que virá ou que irá, esquecendo que a dor personificada é sempre mais excruciante que o que foi. A saudade é a continuação do amor em sua divindade, que “em parte, conhecemos, e em parte profetizamos”, como sugeriu a provocação do autor Paulo em uma de suas cartas aos Coríntios. A continuidade do amor é a saudade e a materialização da saudade é o amor. E o amor em suas vertentes, e a saudade em suas vertentes. Isso já foi revelado.

A inquietação na alma, todo aquele estardalhaço físico que resulta em apatia, vazio que pesa, falta que preenche, impulso que paralisa... sim, a saudade não ultrapassa os limites de mais um grande paradoxo que rege a ordem universal.

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