segunda-feira, 26 de março de 2012

Destrinchando


Por que as pessoas insistem em basear nossas escolhas afetivas em parâmetros, quase sempre, falhos? Em prol de nós mesmas, desbravarei esses paradigmas.

Tem que ser sarado. (FAIL): Gosto é gosto, gente! Há quem curta os nerds, os magrelos, os gordinhos... O importante é ter saúde! Claro que, assim como os homens, às vezes viramos o olhar (somos mais discretas) para admirar belos corpos, mas, definitivamente, esse não é fator determinante. E só em nível de informação aos marombeiros de plantão (talvez um dia eu supere esse preconceito): não, não é legal discutir horas e horas sobre a quantidade de Whey Protein que você usa, ou quanto você ganhou de braço na última semana.

Tem que ser rico. (FAIL): Rico, rico, não precisa ser. Um emprego estável (lê-se: algo lícito e com bom salário) e uma proatividade natural bastam. E por que isso é necessário? Pelos motivos óbvios, como não precisar do dinheiro da sogra para ir a um lugar legal, ou ter que cancelar a viagem com a turma, ou contar moedas para pagar a conta do barzinho (isso nós fazemos quando saímos entre amigas, somente).

Tem que ser cavalheiro. (CLARO): Amo o Shrek. Não me pergunte o motivo (só Freud explica), sei que ele é um ogro, gordo, porco, grosso, mal educado... Mas ele é um desenho animado. Como seria amar (e apresentar à sua família) um homem que, independente de onde estivesse, sempre expelisse seus gases naturais sem o menor remorso? Ou que não se importasse em ser cordial com você, ou em usar garfo e faca para se alimentar? (Para identificar se o boy tem potencial para gentleman, faça o teste da escada. Se ele sabe que deve descer sempre à frente da mulher e subir sempre atrás, já tem um futuro promissor).

Tem que ter carro. (FAIL): Sem hipocrisia, esse não é, nem de longe, um fator determinante (estamos falando de mulheres, não de interesseiras). Claro que um meio de transporte facilita bastante coisa, mas se o pretendente souber controlar os membros inferiores já tá bom. Carro é acessório, não completa caráter. Quanto a nós, mulheres que lutamos por independência e ascensão por mérito próprio, iríamos nos render logo nesse ponto? Que tal ser maria gasolina no seu próprio carro?

Tem que ser cafajeste. (EM PARTES): Não me crucifiquem (nem me canonizem! Rá!), não queria usar esse termo tão chulo, mas me faltam eufemismos. Já expliquei que mamão só satisfaz como fruta, homem nesse estilo não agrada no mercado. Portanto, o tipo meloso demais, tão pouco valorizado, não é a primeira opção feminina. Não sou um bom referencial nisso, mas é a autoconfiança de um conquistador que o torna destaque. Porém, já vivenciamos coisas demais para dar créditos ao cafajeste além a sua primeira travessura, certo?

Tem que ter senso de humor. (CLARO): Não precisa ser o Bozo, mas também não precisa ser descendente de Seu Lunga. Quem quer conviver com o peso do mau humor diariamente? Isso tira a graça de todo o resto (se houver todo o resto)! Quanto menos espaços ocupados com coisas pesadas e sem utilidade, mais ágil fica o HD. E o que não puder ser resolvido por agora, sem uma intervenção divina, deve ser zipado e esquecido.

Tem que ser um príncipe. (FAIL): Ler é cultura, mas acreditar em romances de contos de fadas só é permitido a uma faixa etária que, se você estiver lendo esse texto, ocasionalmente, você não pertence mais. É duro, mas a maioria de nós não tem mais saco para esperar por um príncipe louro, esbelto, atencioso, poliglota, com o QI acima de 140, postura militar, um exímio cavaleiro (e cavalheiro também)... A gente sabe que os “príncipes” atuais não têm tanta classe e exigem mais da nossa paciência que qualquer outra atividade em que nos empenhamos.

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