sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O que eu ainda posso dizer

Vem cá! Deita aqui comigo. Não, não quero mais do que isso. Prometo tentar me controlar, mesmo com o perfume da sua nuca me enlouquecendo. Eu até posso viver sem você, e continuo querendo viver. Sei que muitas coisas me encherão os olhos, a boca, o corpo, só que... e depois, quando eu chegar em casa, descer do salto alto,  tirar toda a maquiagem, onde encontrarei aquela sua camiseta laranja velha? Posso parecer boba, só que sentirei falta dela. Até porque, sei que você a catou dobrada em cima da cama, usou depois do banho e, para que eu não percebesse, a jogou entre as cobertas de novo. 

Tá, mas, e daí? Ando esperando por surpresas. Na verdade, sempre andei. Mas, faltaram flores na mesinha do meu quarto e papéis amassados de bombons naquela lata que escondo no guarda-roupa, faltaram guardanapos com recados de mesa de bar dentro de livros esquecidos e canções que transcrevessem a sensação de andarmos de mãos dadas, lado a lado. Faltaram banhos de chuvas, com roupas coladas e amor no chuveiro, e noites estreladas com promessas. Reconheço, faltaram por minha parte também. Poderíamos ter gritado mais alto em meio à raiva, ter comentado mais sobre os meus textos, ter cantado mais durante suas canções. Hoje, parece que o silêncio sufocou mais que as brigas, sufocou o que insiste em nos ligar.

To aqui, querendo sobras. Não de você, nem do que sente. Não de migalhas. Quero o que sobrou entre nós de nós. Quero essa folga entre os braços, e, também, o lado esquerdo da cama. Quero o gosto de abraço em minha boca e, ainda, uma xícara de café com leite sem açúcar. Quero molhar o piso da cozinha e perceber que você secou sem dizer nada, já que a minha intenção sempre é muito boa, não é? Ah! Não posso deixar de te dizer que quero a vitória de provar que você estava errado. Sempre esteve. Principalmente, sobre mim. Sou colorida demais para ser culpada por desencantos. Só que agora, sobra muito espaço para caber isso entre a gente.