Quando a gente pensa nas aptidões que são ditas de mulher, a gente consegue desenhar direitinho isso. Quer ver? Mulher é estimulada a cuidados domésticos e familiares, a limitar suas ações e ser contida, a obedecer uma figura masculina sem questionar, ser passiva e buscar mesmo ter uma fragilidade... Mas, quando a gente recorta realidades, esses papéis se sustentam? A trabalhadora rural deixa de ser mulher quando lida com enxada igual ao homem? Uma mãe que trabalha fora, ganha bem e sustenta a casa e os filhos precisa ser provida? E quando as mulheres indígenas e negras foram submetidas ao processo de escravidão elas eram mais frágeis ou delicadas que os homens? Não! (A exploração era até mais dura porque envolvia exploração sexual!)
"Ah, mas a mulher já nasce assim..."
Não.
A gente vive de espelhamento, então, se as minhas referências sobre o que é ser mulher e ser homem são limitadas, eu tendo a reproduzir isso, né? Se eu sempre vejo, por exemplo, as mulheres da casa trabalhando para o almoço de domingo e depois limpando a bagunça enquanto os homens bebem e assistem a esportes ou discutem política, eu encaro isso como natural. Ou então, acompanho a maioria dos pais sendo ausentes e as mãe sendo sobrecarregadas com cuidados domésticos e familiares, eu também encaro isso como "natural"...
Uma pausa para explicação: não há demérito nenhum nessas "qualidades femininas" - de cuidado, delicadeza, passividade... A questão é a imposição a mulheres como um padrão para que isso a "torne" uma mulher "aceitável" pela sociedade e o rechaço coletivo a mulher que não se enquadra nessas expectativas.
*patriarcado é um modelo de social que garante autoridade e privilégios aos homens em relação a mulheres dentro das nossas vivências. É, ainda, a base para a construção da ideia de que existe uma "superioridade" natural a tudo relacionado ao masculino.