sábado, 5 de maio de 2012

Nossa grande falta

Este texto não faz o perfil do que escrevo aqui no blog, mas, acredite, há acontecimentos que precisam mesmo de espaço para ser ditos. Antes de qualquer coisa, preciso firmar minha postura no Universo: não sigo a linha revolucionária, apenas me preocupo com o meio em que vivo. Acho que isso faz parte do princípio da racionalidade.

Segundo dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde em 2011, cerca de dois milhões de pessoas morrem anualmente por problemas relacionados à falta de água potável. Coitados dos sertanejos nordestinos e dos africanos, não é mesmo? Não somente. Por mais distante que pareça da nossa realidade, dita de uma “sociedade civilizada”, a falta d'água própria para o consumo humano é um problema cada vez mais presente, mesmo que ainda muito maquiado.

Diariamente tenho contato com pessoas que já são atingidas constantemente com este problema. Digo, por conhecimento de causa, Barreiras, Caetité, Guanambi, Tanhaçu. Vitória da Conquista... Oi? Conquista? A terra do frio? É... Que desordem, hein? Estamos sendo atingidos pela seca. E, diga-se de passagem, muito bem alcançados.

A cidade de Vitória da Conquista é abastecida pelas barragens de Água Fria I e II, ambas localizadas no município de Barra do Choça e mantidas pelos rios Água Fria e Monos, sendo que a última foi construída há mais de 10 anos na tentativa de suprir a demanda da época. Aí, o tempo passou, as pessoas se apaixonaram (ou não), tiveram filhos e as populações das cidades de Barra do Choça, Barra Nova, Belo Campo e Conquista aumentaram. Isso implica em, além de maior produção de lixo e poluição ambiental, mais consumo da água.

A água potável vem sendo vista como vassoura e escovão, nas lavagens dos passeios, paredes, carros e tudo mais que pode ser educadamente lavado com a ajuda de um balde, ou como terapia, seja contra o estresse, numa ducha quente, seja para refrescar, num banho de mangueira, ou, ainda, como um nada, quando esquecida derramando numa torneira, numa descarga quebrada, num vazamento na rua...

Em São Paulo muitas cidades sancionaram, algumas já desde 2009, o Controle de Desperdício de Água Potável. A lei consiste em estabelecer uma fiscalização em toda a cidade com o objetivo de constatar a ocorrência de desperdício de água distribuída e penalizar ($$) o infrator. Aqui, a Embasa diz não poder intervir como o órgão punitivo. E por onde anda o nosso Poder público, que ainda não se manifestou? Este ano teremos eleições, sei que tudo se torna muito mais fácil de ser resolvido. Enfim, como este não é um texto direcionado propriamente às críticas politizadas, é mais um lembrete à sua altivez, irei me restringir ao meu objetivo.

Sei que nem todos têm o mesmo senso de conscientização, mas, tenho uma noticiazinha que impõe reavaliação de atitudes: teremos racionamento de água. Não é para causar alarde (só que sim!), apenas informar que, mesmo que forçado, algo será alterado em sua rotina. Das barragens que nos abastecem a Água Fria I já secou e, segundo os senhores José Carlos e Álvaro Aguiar, respectivamente o responsável do setor abastecimento e o gerente local da Embasa, a Água Fria II está funcionando com cerca de 50% da sua capacidade de armazenamento.

Só não me diga que não contava com isso! Não chove de verdade na região desde o ano passado e você continua tentando afogar seus problemas no ralo do chuveiro. Bem, sobre a chuva, só Deus na causa. E agora, da nossa inconsequência, quem poderá nos defender?










(Fotos da Barragem Água Fria II - Dia 04/05/12)

4 comentários:

  1. Acho super válido esse tipo de texto por aqui também. E, principalmente vindo de alguém que convive com situações no meio desse problema todo.

    Parabéns pelo texto, Lay! Suas informações/críticas também apimentam o blog :)

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    1. Além de informações e críticas, espero que o texto sirva como alerta também.

      Obrigada, Saminha! (:

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  2. Respostas
    1. As coisas estão feias mesmo, amiga! Só Ele nesta causa!

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