quarta-feira, 30 de outubro de 2019

A violência é: patrimonial

São tantas formas de violar a existência da mulher naturalizadas na nossa sociedade que, se não houver muita exposição desses padrões distorcidos, algumas coisa nunca mudarão.  Inclusive, a ideia de que homem é mais controlado com grana que mulher - o que respalda macho querendo controlar dinheiro que a filha/esposa/namorada ganha por exemplo.

Violência patrimonial é uma forma de impor controle à mulher por meio financeiro ou de bens materiais. Sabe quando pais ou maridos controlam o dinheiro de suas companheiras ou filhas, as proíbem de trabalhar, destroem seus pertences, roupas e documentos? Pois bem! Eles estão cometendo violência doméstica contra mulheres, não tem nada de proteção, carinho ou cuidado aqui.

A Lei Maria da Penha também tipifica essa forma de violência (VIOLÊNCIA, SIM, SENHOR!):

Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
(...)
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;

E tem mais! Sabia que recusar pagar pensão alimentícia ou não contribuir com os gastos básicos familiares quando possui recursos também são formas de violências patrimoniais? Isso porque também são formas de impor limitações, por meio dessa recusa de manter recursos para sobrevivência dessa família.

Em caso de dúvida ou denúncias, a Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência - Ligue 180, funciona 24 horas, todos os dias da semana, inclusive finais de semana e feriados, e pode ser acionada de qualquer lugar do Brasil.


terça-feira, 22 de outubro de 2019

Eu sei que vai ouvir

Sua pele tem cheiro de dia quente, que impregna as narinas de calor, convidando a aproveitar cada porção de você. Não sei se te disse o quanto te vejo de sol - pode ser esse seu signo forte, de gente que mantém os pés no chão, sabe? -, ocupando o céu sem medo de nada, até olhar nos meus olhos e saber que não pode dominar o mundo inteiro. 

Eu me divirto ao brincar com suas dúvidas. Não é por mal, é só para fingir que não ligo quando você diz que vai sumir. Ter sempre o que te dizer cala minha vontade de aceitar essa ida sem deixar uma ponta solta para você - mesmo sabendo que não vou conseguir te encaixar mais como antes da sua partida.

Sei lidar com seu sorriso baixo, como de quem não pudesse se permitir ser aberto. Eu gosto dele. Te faz parecer tímido. Mas eu sei lidar com seu gargalhar, e é por isso que insisto nele. Te provoco para te ver sorrir bobo. Aceito seu filme de comédia para te sentir rir sobre seu peito.

Gosto desse gosto que você me traz, de não saber ao certo com o que se parece. Poderia te devorar num lance de olhares ou por horas de banho. Acontece que teu sabor de incerteza já me fez mais feliz, antes da gente se tornar esse monte de coisa sem sentido. Mas, depois de tanto, não seria eu mesma se isso me bastasse - me prende pelo que faz ao meu corpo, me perde pelo que faz a minha cabeça.