quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Não adianta negar, muda

Depois de meses de dedicação e evolução, cerca de 10 dias longe dos pesinhos, do suor (meu e alheio), do despertar com o sol, entregue ao sedentarismo, foram suficientes para eu me destroçar na tentativa de recuperar o ritmo nos exercícios físicos. Não é bem na minha luta diária (e fadada à derrota) contra a balança que pretendo focar, só estou usando o exemplo para chegar ao ponto: não importa o quanto já se tenha sido experiente em qualquer atividade, se não houver prática, o desempenho sempre será comprometido (pela insegurança ou pelo desuso mesmo). E não espere que eu entre no julgamento da situação, me apegarei somente à constatação do fato.

Uma amiga, casada há algum tempo, discorreu a mim sua tese de que ter um relacionamento sério e estável modifica a nossa animação para a vida social (floreei bastante os termos, mas o teor foi mantido). É mais ou menos o que aconteceu na evolução até o Homo sapiens, sabe? Não ter que ir à caça atrofiou várias características encontradas em nossos antepassados. Hoje estamos nós, aqui, reclamando ou decorando a vida em redes sociais, pedindo Temaki por telefone, cochilando durante vídeo-aulas, querendo impor nossos pontos de vista (ou a falta deles) e tendo preguiça para relacionamentos (ah, temos! Mas este assunto merece um texto exclusivo).

Posso ser sincera? Você está certíssima, amiga. Relutei alguns dias em aceitar, mas você foi extremamente sábia na sua constatação. Ter a garantia de uma noite (tarde ou madrugada) em boa companhia (ou apenas em companhia) nos arranca o tesão para enfrentar a selva de azaração que compõe boa parte das baladas e points atuais.

Casais modificam seus hábitos sociais. Mesmo amando da mesma maneira os amigos, as rodas de happy hour, dançar até o chão, fazer parte das viagens de fuga nos finais de semana emendados, a frequência de manutenção da popularidade passa a ser provada em doses menores que as habituais nos períodos de "solteirices". Não consigo formalizar o porquê, minha amiga também não definiu o que precedeu a sua teoria, então, para não perder o hábito, me resta apenas palpite (e este me pareceu bem apropriado!).

Quando se tem parceria, é tão mais confortável ficar em casa, de camiseta e calcinha de algodão, enroscando os pés sob o cobertor durante a seleção de séries e filmes para a tarde de sábado... Lembra que ~sair de casa já é se aventuraaaaar~? A dança da conquista é extremante chata para quem não vai ficar com o par (tá, no máximo,  divertida). Parece que quando você está comprometida e sem seu cônjuge é garantido se tornar o alvo das cantadas do lugar (será que emitimos algum sinal de presa desprotegida? Será que estamos tentando testar nosso poder de sedução, ainda que inconscientemente? :O) e é super chato ter que ficar se esquivando dos inconvenientes.

Claro, não terá jantar romântico que me fará desistir de disputar 30 cm² do bar badalado com as "miga" quando a motivação para sair de casa for sorrir com aquelas pessoas que têm lugar especial no coração. Pelo menos quando tiver motivo e disposição, né? Afinal, temos que atualizar nossas redes sociais também, reclamar do salário e dos quilos recuperados depois das férias da academia e lembrar do quanto é importante ter alguém com quem dividir o comando da Netflix#ficaadica

domingo, 12 de outubro de 2014

O que é irresistível de verdade

Não, não te contei nada ainda. Beijo na boca no meio de uma enxurrada de palavras sempre é mais gostoso. Barba, sobre o pedaço certo da pele, incendeia qualquer corpo. Troca de olhares, risadas, mãos em lugares incertos... tudo isso é bom, gente, e faz bem. Mesmo. Não há problema algum em assumir isso. Sabe o que é problema? É ter que lidar com pessoas babacas o suficiente para não entenderem que mulheres não são “coisas” esperando por um rótulo numa prateleira ou seres que se tornam ainda mais vulneráveis quando assumem o que sentem e gostam.

Já falei que não tenho nada contra a cantada criativa do pedreiro, né? Uma pitada de bom humor não faz mal ao corre-corre das nossas rotinas. O que incomoda é cara sem noção se achando irresistível e com poder para invadir espaços (físico e/ou psicológico), mesmo sem qualquer indício de aceitação. Talvez seja a idade, ou a preparação para o matrimônio, ou a quantidade de histórias que ando ouvindo sobre assédio (sim, assédio não acontece só quando o patrão passa a mão no bumbum de secretária) ou tudo isso, mas ando extremamente intransigente com os desrespeitosos “galanteadores” que andam às soltas pela cidade.


Arquivo Eletrônico
Não é nada bom ter medo de se mostrar. Tem que berrar um palavrão para extravasar? Sinta-se à vontade! Pode ter certeza que ficar entalada será bem mais prejudicial que receber dois ou três olhares reprovadores. Fez calor? Pernocas de fora no comprimento que lhe for confortável! Acredite, não será uma burca que te livrará da “boca do povo”. Tenha mesmo preocupação em se definir, não em se enquadrar no que esperam (e cobram) de você. 

A sensualidade e a vaidade feminina não são recursos potencializadores na busca por alvos, não somos aviões caças, atacando loucamente, ávidas por abater novas vítimas. Surpreenda-se, mas não estamos sempre tentando conquistar alguém a cada mexida no cabelo ou a cada cruzada de pernas. Mais que um fã-clube no quarteirão, temos um ego para alimentar e uma autoestima sedenta por afago.

Então, sobre o que é mesmo irresistível, literalmente, aquilo que mulher alguma resiste de verdade hoje em dia, prepare-se, eis a revelação: NÃO SUPORTAMOS BABACAS! Queremos realmente morrer ou matar quando se aproximam! E não suportamos esse beija-beija, esses apelidos que enchem o saco, esse olhares de meninos encontrando a coleção de Playboy do irmão mais velho (na minha época, era assim que os garotos iniciavam a vida sexual, gente), essa proximidade forjada com nossas madeixas, esse papo chato sobre todas as suas “conquistas” femininas... Inclusive, "charmosão", quanto mais um otário se gaba para uma mulher, mais asco ela desenvolverá pelo ser em questão. Não estamos pedindo muito, não! Apenas reciprocidade no respeito que nos impomos. 

(Detalhe: ainda tenho 20 e poucos anos e sou uma mulher bonita e inteligente. Portanto, diferente do que institui o seu machismo, este não é papo de quem ficou para titia e, por não conseguir elogios, se ira por não ser aclamada. Se ainda não o fez, supere este tipo de conceito urgentemente! Além de sexista, ele é retrógrado e carregado por ignorância. Na boa, já sofremos bastante com TPM, cólicas, balanças, calças jeans, saltos altos... seja um estorvo a menos na correria dos nossos dias. Grata.) #ficaadica