quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Fechando o caixa


Outro ano acaba. Mais um calendário descartado, mais daquela sensação de que as coisas vão mudar (reza-se pra ser para melhor), mais da vontade de se despir da massa cinzenta que rondou o período findado. "Este ano vai ser melhor!"... mas, e você? Vai ser melhor também? 

Faça uma triagem do ano que já quase acabou (e, como predito, não levou o mundo com ele). Quantas novas palavras (além de defenestração) foram acrescidas ao seu vocabulário? Quantos amores você resgatou (e não é das paranoias que te estrangularam, estou me referindo àquelas pessoas que realmente mereceram seus melhores sorrisos)? Quantas canecas coloridas, canetas perfumadas ou meias com frufrus te levaram um bom tempo? O quanto a sua barriga já doeu num gargalhar? Quantos segredos foram merecidamente confiados a você? Por quantas vezes seu ombro foi refúgio para a dor de alguém? E o melhor, quantas manhãs realmente pediram sua a presença? 

Uma máquina, sei lá, um computador ou qualquer outra engenhoca, nunca iguala o semelhante. O que é parecido nem sempre é o que se busca ou se precisa. Você não deve se contentar com alguma coisa parecida à felicidade, mesmo que seja isso que mantenha a ordem em sua casa, em seu coração ou em suas contas. O estático não traça caminho algum, não pode voltar, recomeçar, redesenhar nada que ultrapasse o avesso da estrada. Mas, e se o medo superar o desejo de se arriscar? Não, você não vai encontrar manual em lugar nenhum do mundo ou do Google (e se acontecer isso, é charlatanice), só resta apostar nos riscos e se agarrar no que foi solidificado de verdade. Afinal, a vida não é simplesmente uma sucessão de êxitos, estupidez às vezes é a rota mais segura. #ficaadica

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A saga do fim do mundo


Espero que não supere o mítico (ou seria o místico?) essa história de fim do mundo em 2012. Muitas das resoluções do ano passado ficarão para o que chegará, Morena tem que voltar para Théo, tenho que terminar a 2ª temporada de Game of Thrones, escrever o texto que me tornará colunista da Nova e o iogurte da minha prima só vai vencer dia 03/01/2013 (logo, qualquer outra data antes seria enquadrada como propaganda enganosa). Portanto, venho me manifestar publicamente contra a profecia do calendário maia.

Tá, tudo bem que o JN tem sido meio fatalista, vulcões e terremotos assustam lugares que não contavam com tais astúcias (presságio?), ex-ministros condenados por seus delitos (milagre?), os EUA incentivarão o desarmamento no país (heresia?)... mas, tem coisas que não mudaram tão drasticamente e mulheres continuam saindo com objetivo de dar fora no primeiro encontro, gastando uma grande porcentagem dos seus ordenados com moda e se apaixonando por seres inimagináveis pela ordem da honra humana.

Os maias estão entre as civilizações mais inteligentes da história da humanidade, mas, conforme todas as minhas leituras, não eram tão apocalípticos, enfim, whatever... Toda essa polêmica acerca do fim do mundo levantou uma grande questão (pelo menos lá no meu trabalho): o que você quer fazer antes do fim do mundo? Não vale nada de muito estrambótico, até porque o tempo é curto (menos de 48 horas) e a Mega-Sena da virada só vai ser sorteada depois da data marcada para o “grand finale”. Mas achei válido entrar na brincadeira! Liste coisas pequenas (ou não) que dependem apenas de coragem e disposição para serem provadas, e viva “como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há” (exceto, provavelmente, para as operadoras de cartões de crédito e financeiras). #ficaadica

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Num céu seu


E no fim, precisaria de um céu para chamar de seu. Um céu na terra, com estrelas brilhantes e contas cadentes. Céu com chuvas de grãos, pedaços de não e até espasmos de cinzenta vastidão. Exceto em dias de arco-íris. Nesses dias seu céu se abriria, sorriria graciosamente e se desfaleceria em meio às cores.

Em seu céu, no pedaço do chão, haveria constelações onde até mesmo os ímpares tornar-se-iam par. Contudo, não mais se acreditaria em meio ao tom celestino, mesmo contradizendo o temor de perder o encanto de olhos luzentes.

A coisa solitária que, perdida num bocado do céu, inspirara cores e desamores, dores e sabores, rimas e contradições, por alcance à razão, voaria. Ainda que num farfalhar de asas cansadas. E num olhar firme à imensidão, qualquer corpo pediria em oração pelo calor do teu.


domingo, 9 de dezembro de 2012

"É pra te enxergar melhor..."


Basta apenas um segundo para repararmos e analisarmos alguém. Claro, pelo menos a aparência.  Não é necessário uma virada de pescoço ou um drástico desvio de olhar, tudo acontece de maneira muito sutil. A grand contemplação quase nunca é notada por quem estar por perto, exceto quando algo foge muito ao natural, ou algum detalhe salta aos olhos. Isso pode ser ótimo ou péssimo, a depender do critério em que foi enquadrado.

Vamos por partes. Essa semana (sim, essa semana que eu estive tão atarefada que não pude postar nada) duas coisas me levou a observar essa condição feminina. Primeiro, como uma teoria, o Fantástico exibiu uma matéria falando sobre esse tema, onde a psicanalista Sandra Teixeira revelou: “O funcionamento cerebral da mulher é diferente do homem. Ela olha tudo ao mesmo tempo. O homem se focaria em um detalhe da mulher. A mulher passou os olhos, já está olhando tudo”. Por fim, observei os homens ao meu redor e... fato! Para observarem com mais profundidade eles têm que dedicar mais atenção ao que está em vista.

A ciência também já comprovou que nossa visão periférica é mais desenvolvida, por isso nosso cérebro é capacitado a receber uma enorme quantidade de informações sensoriais e relacioná-las facilmente. E é por isso também que não precisamos imitar a garota de “O Exorcista” quando algo nos chama atenção pelas ruas e constranger nossos cônjuges (que não têm esse mesmo tipo de consideração com a gente)  e o Lobo Mau tinha que ter olhos tão grandes para enxergar a Chapeuzinho Vermelho melhor...

Decidimos se alguém está bem vestida, se tem um cabelo bonito ou um “corpão” em frações de segundos. Se passarmos mais que esse tempo analisando é porque algo se destacou muito positivamente ou parece extremamente esdrúxulo. Porém, em contrapartida, o que temos de discrição no olhar, temos em descontrole na língua... (mas isso é outra pauta, requer muita cautela. Deixa pra próxima, porque hoje é domingo). #ficaadica