quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Um, dois e três.

Não há parâmetros que regem casos de amor, romances ou lances, exceto em filmes, novelas e livros. Entretanto, há padrões que, devido ao grande índice de reincidência, me fazem acreditar que, como numa espécie “Nível”, todas as mulheres precisam passar para se aperfeiçoarem e chegarem a alguma espécie de “Grande Chefão da Última Fase”.

Depois de muita pesquisa de campo (desabafos entre amigas e ligações durante as madrugadas, bebedeiras e ressacas), por conhecimento de causa, cheguei à conclusão que três desafios serão, imutavelmente, impostos:

1º- aquele que te procura quando é oportuno para ele;

2º- aquele que te dá atenção e que você acha um chato/chiclete/sem noção (ou as três alternativas);

3º- e aquele com quem você vai namorar.

Sobre o primeiro: Esteja preparada. A vida irá lhe pregar algumas peças. E, quanto a ele, não se assuste, será palhaço o suficiente para apresentar sempre mais uma gracinha. Mas, esteja sempre em posição de vantagem. Não caia em provocações. Não ache engraçado o comportamento surreal (lê-se: ridículo) dele. O maior problema nesse tipo de relacionamento é que você só consegue se conscientizar do papel (de otária) que está se prestando, quando já está arrasada emocionalmente. Inclusive, já ouvi dizer que há mulheres que se tornam tão dependentes desses vestígios de sentimento, que passam a vida toda se sujeitando a qualquer coisa, só para ter o garanhão (porque ele tem que ser, no mínimo, muito bom em alguma coisa!) por perto.

Sobre o segundo: Bem, na maior parte desses casos, o cara acaba se tornando tão chato/chiclete/sem noção porque você ainda está apegada a alguém que se encaixa no perfil acima. Entretanto, isso não é regra absoluta, às vezes o cara é realmente um porre e se sente no direito de se apaixonar por você e, o pior, querer que seja recíproco esse sentimento. Fica difícil definir o que faz um cara se enquadrar aqui (nós, mulheres, somos um pouquinho complicadas...), mas, parece que concordamos com uma coisa: não gostamos de homens estilo “mamão” (Para as que ainda não sabem, “homem mamão” é aquele, inconveniente e excessivamente, mole e doce).

Sobre o terceiro: Não, não estou falando de almas gêmeas, nem de escritas em estrelas. Estou me referindo a conhecer alguém que tenha um beijo bom, um cheiro bom, um papo bom, que enxergue o que há de bom em você e te queira por perto (diferente do primeiro caso, o cara que você vai namorar, não vai ver somente o sexo como algo bom que você tenha a oferecer). De quebra, ele pode gostar de te fazer sorrir e sentir protegida do mundo todo, num abraço.

Em relação ao primeiro e ao segundo, não ache que eles vão, magicamente, evoluir para a terceira fase. Você pode até tentar, mas, a espera por mudanças (seja por mais afeto de um lado, ou por menos nojinho do outro), acabam te cansando. Sobre o terceiro, a meu ver, é questão de oportunidade, tipo, tempo certo, sabe? Você estar bem, encontrar alguém que perceba isso e que desperta algo a mais em você. E o grande diferencial é que ele quer sentir isso também.

Essa caracterização não restringe o aparecimento de outras figurinhas singulares. Só que parece que todas as mulheres, em algum momento da vida, pelo menos por uma vez, se depararão com um desses típicos modelos masculinos. #ficaadica

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Focando melhor

Mulheres tendem a serem imediatistas, impulsivas e inconstantes. Sendo assim, se já é difícil se sentir realizada completamente, por si só, imagine quando todo o seu sucesso é todo depositado exclusivamente à presença de outra pessoa? Não estou fazendo apologia contra casamentos. Não é nada disso! Até porque, um dia vou me casar, dividir meu shampoo, lavar cuecas, ter um travesseiro versão “costelas” todas as noites e tudo mais que advim desse processo.

Mas, há mais. Descubra-se. Tenha sempre várias alternativas de coisas que te fazem se sentir bem. Organize-se. Disponibilize tempo saudável para ficar em casa. Esteja glamorosa todos os dias. Capacite-se, no que diz respeito à sua profissão.

Não é tentar só se ocupar para preencher vazios, é conseguir prazer em coisas que dependem somente de você, é estar bem para encontrar o melhor do que há de melhor em você. E permitir-se ter esse melhor! Reconhecer-se como merecedora de uma familia presente, de amizades sinceras, de satisfação profissional e, sim (por que não?), da sua estória de amor. #ficaadica

domingo, 28 de agosto de 2011

Expirando

Não andaria tão depressa a ponto de correr, nem tão devagar a ponto de ser alcançada. Não se absteria do mundo, mas se envolveria apenas com o que a inspirasse. Na sua rotina, driblaria espaços livres. E, aos que sobrassem, preencheria com luares.

Não seria noturna. Não em um sentido obscuro. Seria enluarada e exalaria tudo que houvesse de vívido nessa implicação. Ah! Não ousaria descrever tal relação. Era um misto de fascínio e segredo. E só.

Guardaria, saudosa, o que proporcionou boas colheitas. Quanto ao resto? Reconheceria tudo o que havia vivido, mas, quanto ao que dissesse respeito às historias inacabadas ou incoerentes, seria mantido perdido em algum lugar do passado. E, um dia, acabaria se perdendo por completo...




quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Seguindo mais leve

Abandone a irracionalidade. Depois de um enorme saco de Doritos, prefere imaginar que todo o corante do salgadinho fica em suas mãos e nem se aproxima do intestino? Depois de gastar horrores no cartão de crédito (não estou discutindo a necessidade dos gastos! Sapatos sempre serão importantes!), acredita que um milagre acontecerá e seu saldo bancário mudará para um valor de, no mínimo, seis dígitos? Depois de se envolver com um cretino, acredita que ele vai passar por uma transformação, estilo “Malhação”, e se transformará no mocinho do enredo?

Abandone o masoquismo. Você não sente mais nada de bom por ele, mas gosta de cutucar, só para ver se ainda dói, certo? Você insiste em dizer que é encalhada, nas rodas de amigas, mas se recusa a dar uma chance àquele certo alguém, né?

Abandone o comodismo. Quilos a mais? Pontas duplas? Egocentrismo? Migalhas de um querer?

Tudo para a lata de lixo!

Faz mesmo sentido carregar tanto peso desnecessário? Siga mais leve! #ficaadica


(E precisarei abrir um parêntese para esclarecer uma coisa: ninguém é encalhada! Pelo menos, ninguém que eu conheça. Encalhada é quem não é desejada por nenhum cara. Você pode não estar com ninguém, mas não é porque nenhum homem no mundo te queira, é mais pela 586º lei da física, que diz: “Quem eu quero não me quer. Quem me quer, não dou moral”. Não se preocupe, sempre há alguém que sonha com você. Nem que seja aquele colega de sala do seu primo, 12 anos mais novo.)

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Na vida real

Tente! Vá até o fim! Gaste qualquer tipo de bom sentimento que houver em você relacionado a essa estória. "Mas, eu vou sofrer! Mi, mi, mi...". Você vai sofrer ainda mais se existir alguma esperança das coisas serem modificadas, especialmente, nas noites, impiedosamente, implacáveis dos domingos.

É claro que haverá incômodos, mas, pelo o amor de Deus, não se lamente pela ligação que você não atendeu. Não queira responder aquele sms de 300 anos atrás. Não ouse inventar um motivo qualquer, para um inbox, ou um email. Se você não o atendeu, não o respondeu, ou se decidiu em não tê-lo mais por perto, é porque foi forte o bastante para isso. E agora você vai se importar? Você é forte, lembra-se disso?

Seja realista! Um sentimento que te dá mais tempo de angústia, de espera e de dúvidas, que propriamente de desfrutes agradáveis, vale mesmo à pena? Sei que essa resposta é bastante pessoal (e muito mesmo!), cabe somente a você, decidir esperar (sabe-se lá o quê...). O futuro é lindo, nos permite construir sonhos, estabelecer metas... Mas, o presente? O presente nos permite sentir alegria na pele, na hora. É preciso se desraigar do hábito de ficar protelando a felicidade para o amanhã.

Lembre-se que você foi até onde suas forças e seu bom senso permitiu. Nos momentos de insanidade (que vão ficando cada vez mais raros), faça outra coisa. Leia, chore, assista a um filme, durma, crie um blog, ligue para alguém (menos para ele), saia de casa (não vale os lugares para possíveis encontros casuais!)... Use a sua criatividade! Ah! Evite compras e comidas. Essas práticas tendem a trazer resultados assombrosos. #ficaadica

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Alerta*

Ela sabia que iria se atrasar.

- Ah, e daí? – pensou em voz alta, com certa presunção e preguiça.

O mundo não iria parar, guerras não iriam eclodir, nada seria alterado na ordem do Universo, se ela continuasse mais alguns minutos na cama. Fechou os olhos e, quase que imediatamente, voltou a dormir.

Acordou atrasada e com dois problemas adicionais: estava muito enjoada, com uma espécie de azia que lhe causava embrulhos no estômago, e não conseguia encontrar nada para vestir, a maioria das peças insistia em ressaltar o que a academia não conseguia dar fim ou acrescentar. Ela quis chorar, quis muito. Só que, percebeu pelo espelho, já havia se maquiado e resolveu não arriscar. Não estava a fim de testar se o rímel era mesmo a prova d’água.

Como queria não ser obrigada a ver ninguém, a solidão lhe cairia tão bem aquele dia… Nada de palavras, nada de inconveniências (porque parecia que ninguém tinha nada de útil a ser dito, mas mesmo assim, todos insistiam em soltar algo).

Ela até tentou se manter isolada, mas a sua rotina exigia, no mínimo, sociabilidade. Viu-se integrando alguns grupinhos de conversas e sempre acabava tendo a impressão de que todos queriam de alguma maneira, atingi-la.

- Meu noivo está terminando o curso de medicina. Mas não gosta muito de sangue e cirurgias…

- Ele faz medicina e não gosta de sangue? – perguntou cética.

- É… É o jeitinho dele! Por isso ele resolveu se especializar em cardiologia.

- Ah, é? E como ele vai cuidar de corações, sem intervenção cirúrgica? Ele é Hitch? Porque até aonde eu saiba, Hitch é o único que trata de coração sem utilizar o bisturi!

Alguns sorriram, mas o clima de tensão no ar era quase palpável. Talvez pela estridência no timbre da sua voz ou pelo modo desafiador-irônico como formulou a indagação.

Saiu. Disposta a se concentrar só no trabalho, iria evitar situações de descontrole como aquela. Só que o telefone não parava de tocar, formulários não paravam de chegar e seu stress tornava-se cada vez mais visível. Das respostas curtas e diretas até os gritos, não demorava muito, bastava uma mesma pergunta ser feita de mais uma vez.

Tentou relaxar acessando a caixa de e-mail, mas a quantidade de desastres praguejados contra seu sucesso, a quantidade de mulheres mal-amadas dando dicas sobre traições e afins, os milhões de piadas ofensivas e pornográficas (provavelmente criadas por garotos na puberdade com os primeiros fios de pêlos surgindo no buço) e o número de correntes para crianças com doenças contraídas no Photoshop, acabaram agravando seu mal-humor. Como as pessoas conseguiam ser tão ridículas?

E aproveitando a deixa sobre pessoas ridículas, deu uma espiadela na mesa ao lado. Percebeu o “Big Brother”, ao telefone, com um sorriso de canto de boca e rápidos desvios de visão direcionados a ela. Aquela criatura buscava ascensão, levando ao conhecimento da chefia qualquer deslize cometido pelos outros. Ela começou a permitir que seus devaneios se manifestassem, e se viu, num acesso de fúria e gargalhadas, em um dos corredores da empresa, pousada sobre o abdômen daquele ser, chegando a sentir a temperatura quente do jorro de seu sangue e os pedaços de sua carne entre suas unhas, enquanto suas mãos vasculhavam por dentro do seu corpo em busca daquele perverso coração, se é que ele realmente possuísse um. Sentia-se faminta por sangue, mas somente por aquele sangue venenoso. Seria como o Conde Drácula, aquele de verdade, que viveu na Transilvânia e que tinha exacerbados requintes de crueldade.

Havia sido um dia stressante. Tudo no mundo conseguia irritá-la. E os resultados? Palavras ríspidas, atitudes hostis, olhares fuzilantes, carregador do celular quebrado (de uma forma que o próprio Capitão Nascimento se intimidaria), discussões ferozes e lágrimas, muitas lágrimas, fossem por ódio ou insegurança.

Apesar do disfarce, com muita base e óculos escuros, seus olhos estavam inchados, e ainda por cima, tinha descoberto que (em seus próprios adjetivos) “a porcaria do rímel não era droga nenhuma a prova d’água”, teve a sensação de que todas as pessoas a olhavam na rua e sua opinião oscilava entre: perguntar qual era o problema ou se esconder num buraco. Sentia raiva das cantadas baratas e cretinas (e de seus ministrantes idem), dos sorrisos dissimulados e apertos de mãos hipócritas, das cobranças vindas por todos os lados (inclusive, as faturas dos seus cartões de crédito).

Morrendo de dor de cabeça, todas as formas de desejos gritavam em seu corpo. Ela precisava de tudo e, mesmo em muita quantidade, ainda assim, não era o bastante. Queria compreensão, muita compreensão. Silêncio, muito silêncio. Açúcar, muito açúcar. Sexo, bem… Não fugia a regra.

Ele só ligou depois de quase uma desidratação. O que a dividiu. Por que ele havia demorado tanto? Não a queria mais ou estava saindo com alguém? (E uma coisa não excluiria a outra.) Por outro lado, precisava dele.

O celular já se encontrava visivelmente cansado em repetir a mesma melodia, até que, como um último suspiro, se aquietou. Ela se pôs em pé num salto, ele havia desistido. Quase que instantaneamente ela retornou a ligação.

- ACABA ASSIM, NÃO É ISSO? Eu só espero que você esteja certo disso, porque vai ser o fim mesmo! Para SEM-PRE!!!

Graças a Deus, ele percebeu. Escolheu meticulosamente cada palavra e, inclusive, a entonação que usaria em cada uma. Aquele não era o primeiro episódio desse tipo, não que ele já estivesse se acostumado ou as reações houvessem se tornado mais previsíveis, às vezes ainda sobrava para ele, só que agora ele sabia ser mais cauteloso. Eis os dias mais temidos no mês, a TPM…


*Republicação do site Revertério.com - 05 de agosto de 2010

domingo, 21 de agosto de 2011

Passo à passo

Vai doer mesmo. E muito. Não por ele, porque casos e lances nós sempre teremos, pelo menos, um ou dois por ano. Mas, vai doer por você. Pelas apostas que você tinha feito, pela secreta, embora pequena, esperança de que algo mágico poderia acontecer.

Quer saber? Chore. Desabafe com alguém, seja por telefone, por mensagem, por sinal de fumaça, o que for... Mas, exteriorize. Não se cobre, nem se puna, nem se culpe. Seja bastante sincera e paciente consigo mesma. Fique um pouco sozinha, isso é saudável.

Conselhos vão surgir em excesso. Boa parte, bem piegas (“Azar o dele em não perceber a mulher que você é!”, “Você vai encontrar alguém que te valorize!”, “Não dê tanta importância a esse sentimento!”, “Ele não presta!”, e blá, blá, blá...). Tenha cuidado nesse momento! Lembre-se bem a quem é que você quer gritar esse “FODA-SE!”, não tente transferir sua raiva às outras pessoas porque elas não conseguem dizer o que você precisa ouvir. Nem você mesma sabe o que quer escutar.

Dê uma brecha maior ao “Plano B” (“brecha maior”, nesse caso, não quer dizer: “se jogue!”, apenas: “aumente seu grau de simpatia.”). Nesse momento, ter alguém que curta a sua companhia, poderá fazer muito bem ao ego e à autoestima. Mas, é extremante importante ser firme para seguir esse passo. Caso ainda não tenha forças para ser cautelosa e não se tornar uma carente obsessiva, NÃO ARRISQUE! Caso contrário, o “Plano B” se tornará o novo “Plano A”, em menos tempo que você imaginar.

Afinal, só descobri ou entender não muda muita coisa, né? Com (re)sentimentos são assim também. É preciso ver, tocar, sentir bem de perto, para buscar se orientar de outra forma (e torça bastante para esse processo não acontecer no meio de uma TPM. Normalmente, ele já é suficientemente doloroso!). #ficaadica

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

E é assim

Não era um bom momento para uma vontade dessas. Nunca era. Sabe aquelas vontades que não se importam com o fato de você ser apenas um ser humano dotado de limites? Era uma dessas. Respirou fundo, tão fundo que quase aspirou ao asfalto sob os seus saltos altíssimos, diga-se de passagem.
Entrou em uma loja qualquer, rendeu-se.

"Oi... Er... – pensou em desistir, mas, nesse exato momento, como o soco no estômago, a vontade fez relembrar o seu desejo. Sorriu amarelo. – Posso usar o seu banheiro?"

A vendedora, como toda boa vendedora que se preze, estampou-lhe um grande sorriso e a dirigiu a uma porta vermelha, no fundo de tudo. Poderia soltar um rugido, tão grande foi o prazer que a invadiu. Mas, conteve-se. Já havia passado por coisas esquisitas demais aquele dia e sabia que já havia se tornado motivo para burburinhos dentro daquele lugar, sem precisar cometer maiores excentricidades.

Colocou seus óculos escuros, ajeitou o cabelo, saiu do lavabo, agradeceu a vendedora, que lhe dirigiu mais um dos seus sorrisos artificialmente espontâneos, e, quase que correu, até a saída da loja. Não olhou para trás. Mas, quando há uma possibilidade, mesmo que remota, de algo dar errado, nem hesite...

Partiu ao encontro do cliente. Só para constar, o dito cliente, fazia todo o pessoal do escritório tremer só de ouvir o toque da sua ligação. E, todas as defesas de projetos, sempre, sobravam para ela. Talvez, esse fosse o quinto, ou sexto encontro entre eles e não, ainda não, havia se acostumado com aquela situação. Sentia-se desconfortavelmente nervosa e visitava o banheiro, no mínimo, 30 vezes, antes da reunião.

Ao chegar ao escritório da empresa, foi informada que seria atendida por um gerente de outro departamento. Internamente, suspirou de alívio. Sentou-se e aguardou. Foi surpreendida por uma moça muito jovem, provavelmente uma estagiária, calçada com uma sandália plataforma de plástico, um tanto estranha, com quase 20 centímetros de salto, que a levou à, já conhecida, sala de reuniões.

Não conseguiu respirar. De repente, a sala branca e seus móveis não passavam de um borrão negro. Quis, mais que qualquer outra coisa, estar sonhando. Não podia ser verdade. Com mais de seis bilhões de pessoas no planeta, estaria naquela sala, justamente, com àquela por quem já havia destinado todo o seu mais alto índice de ódio mortal (e, talvez, até vital, também!).

Lá estava ela, à sua frente. Não havia como negar, sua beleza, sua autoconfiança e, a mais visível de todas as características, seu anel de noivado. Elas já haviam se encontrado uma vez antes. Para ser mais exata, há pouco mais de quatro meses. E não, não houve um só segundo de cortesia e amabilidade entre elas. A data em questão marcou o final de um namoro de quase seis anos e o início de um noivado. Bem, não há mais nada a ser dito do tenso momento.

Por instinto talvez, recuou dois passos. Mas, deteve-se. Cumprimentou-a com um seco “Bom dia!” e iniciou a apresentação. Foi seca (e rancorosa!) o bastante, a ponto de perder a noção de espaço, de tempo, de qualquer outra coisa que não fosse a jugular da rival. Mulheres têm dessas. Nunca deixam de ser rivais, mesmo que nem se importem mais com o objeto da disputa ou que nem tenha sido nessa vida a pendência. Serão rivais, eternamente.

O resultado, lógico, foi desastroso. Não souberam ser profissionais. O projeto não foi aceito pela empresa, nem houve o menor sinal de interesse em modificações da proposta. Uma, voltou para sua sala, ligou para o seu noivo e contou sobre o encontro inusitado, lógico que à sua maneira. A outra, sem condições de trabalhar, voltou para casa e acabou todo o estoque de papel que havia por lá.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Nessa história de: “os opostos se atraem”, eu sobro, né?

Essa semana, depois de uma conversa séria, eu tive que parar para pensar nessa teoria. E só consegui chegar a duas conclusões, um tanto tensas.

A primeira foi que, as pessoas precisam justificar suas crenças em relacionamentos falidos, com a hipótese que diferenças constroem interesses. Meu bem, se ele não se interessa pela suas qualidades em destaque ou pelas coisas que você faz, por exemplo, é, no mínimo, triste acreditar que serão as coisas que faltam, que ele vai apreciar em você. Pode até ser interessante por um tempo ou para um caso rápido. Mas, em longo prazo? Cheiro de fracasso...

E a mais assustadora das constatações: o que será de nós, mulheres lindas, inteligentes, bem resolvidas, independentes, sensíveis, modernas, simpáticas, competentes, estilosas, cheirosas, divertidas (salvo os raros dias de TPM e da chegada da fatura do cartão de crédito)? O que será de nós? Não consigo me imaginar com o meu oposto. Não quero me interessar por alguém que não tenha, ao menos, sido apresentado à gramática portuguesa e suas regras básicas. Não quero me envolver com quem não se importa com o bem estar dos outros. E não, definitivamente, não quero alguém que não goste de sair para dançar.

Acho bom revermos esse conceito. E logo. #ficaadica

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

De longe

Algo havia se quebrado. E, nesses momentos, quase nunca se tem certeza sobre o tempo exato do ocorrido. Faltava a presença, mas, principalmente, faltava a cumplicidade, a confiança da existência.

Com certeza, não foi nada pequeno que causou isso. A necessidade de mãos sempre dispostas, de sorrisos tão sinceros, de ideias tão compartilhadas, não pode ser substituída por qualquer capricho, qualquer vacilo. Relações precisam de um tempo para ser estabelecidas e, mais ainda, para serem desfeitas.

Existia, ainda, algo de amizade, mas, apenas, quando solicitado. Só que, a falta de procura, acaba acanhando intimidade e a correria de rotinas tão diferentes, em nada contribui com reaproximações espontâneas. É preciso querer estar perto. E, eis a dificuldade.

Provavelmente, algum sentimento tonto, entre orgulho e vaidade humana, gera desconforto ao se dispor à busca. Ciclicamente, se não há iniciativa de um dos lados, o outro, refreia-se. Parece ser mais fácil lidar com a incerteza e, às vezes, com a saudade.

Costume, sabe? Tudo passa. Sempre passa...

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Os dois lados*

Ela:

Será que devo fazer uma massa? E a salada, crua? Talvez deva ver as verduras novamente, só por garantia…

O despertador ao lado da cama mostra que ainda não passaram das cinco da manhã. Não conseguiu dormir, apesar dos 46 tipos de chás diferentes que tomou, antes de se deitar e durante a madrugada. Se rende. Levanta, abre a geladeira e, pela milionésima vez, confere todos os ingredientes.

Talvez eu deva começar temperar o frango…

E lá está ela de novo, roendo as unhas da mão, enrolando uma mecha do cabelo com um dedo e com os pensamentos nele. Ele, ele, ele…

Ela está certa de que ele é o amor da sua vida. Ele quem propôs esse jantar e ela amou a idéia.

Faria um Pavê de frango, com uma receita que aprendeu num desses programas culinários que passam na tevê.

O sol começa a aparecer, o rosto da moça se ilumina com a beleza do nascer do dia.

Vai dá tudo certo!

No trabalho, o dia passa devagar. Aproveitou o horário de almoço para ir ao salão, não iria fazer nada demais, só uma escova de queratina, unhas dos pés e das mãos, ajeitaria as sobrancelhas, depilação de mel, uma limpeza facial, uma massagem corporal…

Acabou se atrasando para o serviço! Seu chefe não estava num dos seus melhores dias, se bem que a sua postura hostil e bossal eram características diárias, depois de quase hora de sermão, deu um xeque-mate, hora-extra!

Talvez se eu pular a janela lateral, além de uma perna quebrada, consiga chegar mais cedo…

A criatura perversa, que era o seu chefe e que talvez tenha ouvido seus pensamentos, determinou que ela concluísse os relatórios na sala dele, onde não havia janelas. Uma hora e meia de atraso, índice altíssimo de estresse e um engarrafamento. Não poderia ficar pior. Mas, ficou. Seu celular descarregou toda a bateria.

Ele:

Levantou-se ao meio-dia. Tinha conseguido uma manhã de folga, depois da conclusão de um bem sucedido projeto.

Fez a barba, tomou banho, ligou o computador, só para se atualizar, respondeu e-mails, verificou a sua página no Face e acabou visitando a página dela. Hoje iriam jantar juntos. Ela era bonita, divertida, lhe chamava atenção.

Ela é boa!

Trabalhou por quatro horas e foi para a academia. Na volta, deu carona a uma paquera, que malhava no mesmo horário. Ela tentou, ele resistiu. Alegou estar com pressa, e que iria ao seu apartamento numa próxima vez.

Achou isso estranho. Não era habitual.

Passou no mercado, comprou um vinho. Foi para casa, tomou banho, se vestiu.

Fora de área? Será que aconteceu alguma coisa? Ou vou levar um bolo?

Estava disposto a pagar para ver. Saiu.

Eles:

No fim, deu tudo certo. O frango cozinhou, a salada de folhas ficou bem vistosa, ela conseguiu se arrumar.

O romance até engrenou por uns meses, mas a vida não é uma novela, logo extrai os “felizes para sempre”.

Um dia, ele acabou aceitando o convite da tal colega de academia…

E o chefe dela acabou revelando que toda aquela antipatia, era uma paixão reprimida.


*Republicação do site Revertério.com - 28 de agosto de 2009

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Completamente

Não se iluda com o “ser completamente...”, seja lá o que você quer ser por inteiro. O fato, de querer se tornar pleno em alguma coisa, é o mesmo que querer se “endeusar”. Sério! A vida é muito complexa e o ser humano se torna mais interessante devido a sua versatilidade. É importante tentar se sair bem em todas as funções desempenhadas, mas cuidado com a busca excessiva de aperfeiçoamento. Quando a nossa visão se condiciona demais a certo ponto, deixamos de observar todo o restante que nos cerca.

Mãe demais, às vezes, é esposa de menos. Profissional demais, às vezes, amigo de menos. Religioso demais, às vezes, é distante em excesso. Desenvolva o melhor que há em você, mas, trabalhe, especialmente, o que não anda sendo tão bem desenvolvido. #ficaadica

domingo, 14 de agosto de 2011

Por segurança

Não me decepcionei comigo mesma, então o efeito é pequeno, passa logo. Já me arrisquei demais por fantasias. Hoje, prefiro consultar um bom corretor antes de qualquer aquisição: Pés no Chão. Vocês precisam o conhecer! Ele é ótimo! É do tipo que apresenta a oferta longe do sentimentalismo.

Isso não me torna nenhuma frívola insensível. Ainda sei sonhar. Isso, também, não me impede de errar. Meu último affair (ainda não descobri o que existiu entre nós) que o diga. E isso não faz de mim a super mulher. São outras coisas que me tornam uma.

Só que, num lapso de lucidez, estar com os pés no chão, me fez descobrir o óbvio: mulheres não mudam homens. E não, não vale à pena insistir em nada que a faça acreditar no contrário. Claro, nada é impossível. Mas, não espere, não construa, não planeje nada, se baseando somente nessa potencialidade. Prefira ser surpreendida. É mais seguro. #ficaadica

Pra sempre, pai!


Está aí, um homem que, sem medo, pode levar o título de “homem da minha vida”: MEU PAI. Esse, é certeza que, foi Deus quem me deu.

E, seja de que forma for, estará comigo por todos os caminhos. Num apoio, numa informação genética, numa partida do Vasco, numa certeza de sorriso (ou de bronca), numa ligação preocupada no meio da noite...

A gente se cuida, para sempre, pai. Prometo.

sábado, 13 de agosto de 2011

Qualquer caminho seu

Decidira sair em busca do amor. Mas, não em busca para si. Queria apenas ter a certeza de que ele existia. Era jovem, algo entre inocência e os 20 anos. Entretanto, o frescor da pouca idade contrastava com o pesar em seus sentimentos. Cada vez mais cedo, se descobriam os dissabores dos desamores.

Munira-se com um caderno, uma canção, um pouco de cor de rosa e uma porção de pensamentos que não a abandonava. Queria poder carregar isso dentro de uma mochila e partir por sua procura. Só que a vida não a permitiria prosseguir sem um pouco mais de peso. Logo aos primeiros passos, percebera partir de encontro ao passado. Daí, a sua necessidade de um pouco de cor de rosa. Não suportaria colidir, novamente, com todo o céu nublado que estampava aquela época.

E seguira. Seguira em direção à noite em que se perceberam e que, quanto mais se aproximavam, mais seguiam por caminhos que os impediam sentir o que teriam de melhor a oferecer ao outro. Essa fora a lógica. Pelo menos, a sua.

Caminhara um pouco mais, em busca de alguma verdade, de alguma resposta. Olhara atentamente, mas não encontrara nada que a remetesse a algo sólido. Havia cores. Um azul noturno, com algo entre prata e um amarelo fechado. Era assim que ela se lembrava, e agora, era assim que o reencontrava, que o reconhecia.

E discorria seus caminhos, atentando-se a todos os detalhes. Havia outros, na mesma busca. E de todos, ouvira sonhos e lamúrias. Às vezes, próximos, outras, nem tanto. Pareciam, também, sentir um pouco daquelas cores, pareciam precisar um pouco mais de cor de rosa, fossem para encontrar algum sentido, fossem para se desviar de penumbras passadas.

E, em algum momento, num corpo já cansado, olhara para trás e percebera o quanto andara e o quase nada que havia se afastado da partida. Quis voltar. E tentou. Mas, algo a impedia regressar levemente. Como num estalo, constatou o grande peso em sua mochila. Sem ao menos notar, havia absorvido um pouco de tudo que encontrara alheio pelo trajeto.

Sentira a necessidade de liberdade. E pôs-se a chorar, enquanto se livrava do que, um dia, achara ter sido fundamental. Aquelas lágrimas, em nada se pareciam à tristeza. Havia algo mais ligado a reencontro, a recomeço. Salvo raros momentos, onde tivera de arrancar de si própria uma raiz, maldosamente, mais entranhada, quando a dor parecia lampejar-lhe o olhar. Reconhecera precisar se livrar e se limpar, extirpar medos e incertezas. E, assim o fizera. Mas, não pudera voltar pela mesma estrada. Criara, através da sua busca, um caminho onde as cores eram pintadas à sua maneira. E preferira não julgar, como melhor ou pior, aquele percurso. Seria, apenas, o seu caminho.


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Um doce de pimenta

Não sou uma típica jornalista, do tipo que necessita de uma caneca de café em seus momentos de inspirações produtivas, madrugadas adentro. Adoro as canecas, coloridas, estampadas... Já o café, não agrada tanto o meu gosto. Prefiro que, ao meu lado, fumegue algo como um achocolatado. Logo, não espere, também, por debates regidos por visões filosóficas ou discussões avaliativas sobre correntes sociais. Minha realidade é menos teórica e mais prática.

Esse não será um blog pessoal, não me julgo tão interessante a ponto de tornar minha vida pública, mas, será um blog meu. Coisas que sairão da minha cabeça e passarão pelas minhas mãos, talvez inspiradas por uma fila de supermercado, por alguma leitura, por uma conversa entre amigas, por um dia de trabalho, por um devaneio...

Gosto de palavras. Gosto do sabor marcante que elas produzem quando bem reunidas e bem estruturadas. Gosto quando há leveza na leitura e quando há sensações na escrita. Prefiro retratações sem limitações, nem invasões. Gosto do subjetivo e gosto de sorrisos, mais até do segundo que do primeiro.

E não se preocupe. Nada será tão apimentado que não valha a pena ser provado até o fim.