A visão da "proteção" e "provisão" masculina respalda, infelizmente ainda, a dominação do homem, o que, abraçada ao machismo, reduz a mulher a ponto de, infelizmente ainda, torná-la refém de violência cotidiana - seja de violência que causa sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial (espia o artigo 7º da Lei Maria da Penha apontando as formas em que acontecem o crime contra a mulher em ambiente doméstico e familiar).
É natural discutir, debater, discordar... Sabe o que não é natural nas ligações entre pessoas? Ser humilhada, ter medo de ser como é ou fazer o que sente vontade, duvidar de você mesma, se anular para manter o outro confortável. Nada vale a sua paz - nem a "vida" que você planeja ou já constrói há anos.
A questão é que, se reconhecer vítima, não cria também uma blindagem contra a violência e, até aqui, não há o que se discutir sobre a "culpa" da vítima nessa situação. São infinitos os fatores (que variam caso a caso) que impedem um mulher de finalizar uma relação abusiva, geralmente há dependência (principalmente financeira e/ou afetiva) e há o ciclo do abuso (tensão - intimidação/violência aguda - reconciliação - calmaria - tensão - intimidação/violência aguda - reconciliação - calmaria - e recomeça...).
A mulher exposta a esse tipo de violência já ouviu tantas vezes que não é boa o suficiente que, geralmente, internaliza isso como verdade. Por trás da "mulher de malandro" (aff!), há uma pessoa que já foi violada moral e psicologicamente, a ponto de duvidar da sua capacidade de sair ou até mesmo de merecer mais do que o que tem.
O homem violento não precisa usar da força dos seus braços para silenciar e anular a existência de uma mulher. Reafirmar comportamentos de dominação é agressivo e cruel e marca tão profundamente quanto qualquer violência. E isso não torna ninguém mais homem. Muito pelo contrário.
#atencao: haverá posts para esclarecer cada um dos tipos de violência de gênero elencados pela Lei Maria da Penha
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