terça-feira, 15 de novembro de 2011

Da felicidade

Deram-lhe uma grande tarefa: construir a felicidade, mesmo que fosse num só pedacinho. Antes de qualquer coisa, buscou defini-la: “O que seria tal coisa?”. Não adiantaria caminhar insistentemente em busca de algo irreconhecível. Resolveu atentar-se a tudo que lhe parecia docemente colorido.

Uma menina descobrindo o sabor do amor, num beijo escondido, que, mesmo em meio a olhares que não se fixavam, causava-lhe frenesi à alma. Um senhor diante do neto que, sentado em seu colo, num frouxo abraço em volta do pescoço, roubava-lhe a atenção, ilustrando-lhe aventuras infantis. Um profissional inflando-se de satisfação pelo o reconhecimento dos bons resultados alcançados através do seu empenho. Uma mulher tornando-se infinitamente maior do que já supunha em toda sua vida, até então, ao tornar-se mãe.

Não havia ligações físicas entre o que observava, porém, a transcendência emocional e a amplitude sentimental que rondavam os acontecimentos levavam-na a crer que só entenderia a felicidade aquele qual conseguisse descobrir que a cada um cabe a responsabilidade pela construção da sua própria, mesmo sendo fundamental ter alguém por perto a partilhando.

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