sábado, 17 de setembro de 2011

Ao anoitecer

Seria mais uma noite enluarada. Daquelas quentes e frescas, simultaneamente, onde a lua não poderia se vestir melhor. Já havia sorrido de muitas formas, já havia chorado de outras tantas. Mas, sempre, surpreendia-se. Caminhava com firmeza e olhava da mesma forma. Quem a via, não imaginava quão grande confusão carregava consigo. Por mais mulher que o corpo mostrasse ser, tinha medos de menina. Medo de escuro, medo de ausência, medo de fracasso. Mas, sempre, silenciava-se.

E, voltando à noite enluarada e passos firmes, mantinha um cuidado, excessivamente grande, com as direções em que lançava seu olhar. Ela ainda não sabia o que era certeza, achava que, se olhasse por tempo demais o que ficou lá atrás, não conseguiria prosseguir. E estava certa. E estava errada. Ainda não havia certezas. Se vivesse um minuto a mais daquele passado, perderia a consistência.

Havia um caminho novo e lhe era inevitável. Atenta, cruzava a rua. Não que sentisse pavor naquele momento, só que o novo instiga e alarma. Precisava passar sem se perder ou ser perdida. Já sabia que o que havia observado até ali, tudo aquilo que ela havia possuído um pouco, fosse num gesto, numa sensação ou num breve olhar, permaneceria, independente da direção que seguisse.

Só que, a cada passo rumo ao novo, parecia perder um pouco o controle. Conhecia bem tudo o que fizera chegar até ali. Mas, só. Deu-se conta que, não saberia mais o que a acompanharia. Haveria apenas uma certeza, amanheceria.

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