sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Sentido

Não faria mesmo sentido, tanto sol, num dia de nuances tão vazias. Da janela, do quarto da frente, vivia o que queria. Um dia cinza, mas não cinza escuro, era num tom mais aberto, talvez, querendo até chegar ao branco. O clima frio gerava uma ruidosa sensação de vento.

Então, saiu. O calor que a envolvia naquele momento, brotado do próprio corpo, não bastava para refrear o que tremulava-lhe a alma. Não era tão excitante quanto tristeza, era algo infinitamente sereno, calado, sem necessidade de tatos ou contato.

Caminhou sem nada ouvir. Apenas, via. E viu. Tamanha fora a perfeição em sua visão, que não poderia ter enxergado de outra forma, se não, com o coração.

Olharam-se nos olhos. Acabavam-se as palavras. E, mesmo que ainda as houvesse, não saberiam mais o que dizer. Beijaram-se. Numa cúmplice veracidade, numa doce ferocidade...

São desses momentos em que os olhos se tornam quase irrelevantes. Tudo que basta é calor, toque e cheiro. Basta uma presença sentida. Sentida bem próxima. Próxima como uma respiração. Necessitavam-se. E reconheciam a mutualidade existente naquele instante.

E, quase havia se esquecido, sempre brincaria com um pedaço de sonho até o adormecer.

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