Sentia vontade de se vestir como sol e não sabia ficar somente com o que sobrasse, fosse do brilho ou do amor de alguém. Só que, especialmente naquele fim de tarde, parecia não mais aguentar carregar todo o peso sozinha. Fora uma escolha sua, mas, às vezes, sentia-se extremamente cansada em não querer depender de ninguém. Se bem que, em alguns momentos, não tinha tanta certeza se havia sido mesmo uma escolha sua ou uma imposição da vida. O fato é que não sabia levar as coisas de outra forma. Construíra-se sob a liberdade e temia perdê-la, caso gostasse mais da fragilidade que da força que sempre se impunha. Achava que, se isso acontecesse, não se reconstruiria.
A cidade era grande e ele poderia estar em qualquer lugar. Menos onde ela mais queria: longe dela. Distante das suas vontades e fraquezas. Havia algo dele entranhado nela. Não se sabe onde, nem se sabe o quê. Mas, havia. Mesmo sem haver o “ele”. Fisicamente, ainda, não se reconheciam. E cada pedaço do céu já sabia, havia escutado tudo, em seus tão fugazes clamores. Ainda assim, não conseguia evitar o anoitecer e todo o seu conforto solitário. Era algo como uma sinergia. Tanto ela, quanto o céu pareciam ansiar pelo casual, pelo inevitável, mas, por nada que fosse inesperado...
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