sábado, 13 de agosto de 2011

Qualquer caminho seu

Decidira sair em busca do amor. Mas, não em busca para si. Queria apenas ter a certeza de que ele existia. Era jovem, algo entre inocência e os 20 anos. Entretanto, o frescor da pouca idade contrastava com o pesar em seus sentimentos. Cada vez mais cedo, se descobriam os dissabores dos desamores.

Munira-se com um caderno, uma canção, um pouco de cor de rosa e uma porção de pensamentos que não a abandonava. Queria poder carregar isso dentro de uma mochila e partir por sua procura. Só que a vida não a permitiria prosseguir sem um pouco mais de peso. Logo aos primeiros passos, percebera partir de encontro ao passado. Daí, a sua necessidade de um pouco de cor de rosa. Não suportaria colidir, novamente, com todo o céu nublado que estampava aquela época.

E seguira. Seguira em direção à noite em que se perceberam e que, quanto mais se aproximavam, mais seguiam por caminhos que os impediam sentir o que teriam de melhor a oferecer ao outro. Essa fora a lógica. Pelo menos, a sua.

Caminhara um pouco mais, em busca de alguma verdade, de alguma resposta. Olhara atentamente, mas não encontrara nada que a remetesse a algo sólido. Havia cores. Um azul noturno, com algo entre prata e um amarelo fechado. Era assim que ela se lembrava, e agora, era assim que o reencontrava, que o reconhecia.

E discorria seus caminhos, atentando-se a todos os detalhes. Havia outros, na mesma busca. E de todos, ouvira sonhos e lamúrias. Às vezes, próximos, outras, nem tanto. Pareciam, também, sentir um pouco daquelas cores, pareciam precisar um pouco mais de cor de rosa, fossem para encontrar algum sentido, fossem para se desviar de penumbras passadas.

E, em algum momento, num corpo já cansado, olhara para trás e percebera o quanto andara e o quase nada que havia se afastado da partida. Quis voltar. E tentou. Mas, algo a impedia regressar levemente. Como num estalo, constatou o grande peso em sua mochila. Sem ao menos notar, havia absorvido um pouco de tudo que encontrara alheio pelo trajeto.

Sentira a necessidade de liberdade. E pôs-se a chorar, enquanto se livrava do que, um dia, achara ter sido fundamental. Aquelas lágrimas, em nada se pareciam à tristeza. Havia algo mais ligado a reencontro, a recomeço. Salvo raros momentos, onde tivera de arrancar de si própria uma raiz, maldosamente, mais entranhada, quando a dor parecia lampejar-lhe o olhar. Reconhecera precisar se livrar e se limpar, extirpar medos e incertezas. E, assim o fizera. Mas, não pudera voltar pela mesma estrada. Criara, através da sua busca, um caminho onde as cores eram pintadas à sua maneira. E preferira não julgar, como melhor ou pior, aquele percurso. Seria, apenas, o seu caminho.


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